Blog · Curtas · Diarinho

O tempo que o tempo tem

Tenho poucos minutos antes de me arrumar para o trabalho. O que eu faço? Leio um parágrafo de um livro? Começo uma colagem? Estudo alguma coisa por dez minutos? Respondo uma carta no aplicativo que imita mensagens por correspondência? Em vez disso, pego meu tablet e começo a jogar. Quero desligar minha cabeça, fingir que não estou ali, desconectar do mundo real, chato e absurdo pelo tempo que for, nem que sejam esses minutos.

Saudade de quando eu tinha tempo, de quando permitíamos que tivéssemos tempo. Ódio desse ritmo de vida que o capitalismo impõe, sempre tendo que produzir algo, ou a caminho para produzir (uma boa parte do dia, dependendo da cidade) e passando o pouco tempo livre que nos concedem com raiva porque não estamos produzindo.

Raiva de sair dessa roda de ratinho e ver que o restante do mundo continua ali querendo te puxar de volta. O tempo continua sendo a coisa mais preciosa para mim e o que eu menos tenho.

Saudade de simplesmente poder decidir não querer mais algo ruim, ir lá e resolver para não sofrer mais com aquilo. Vamos nos arrastando pelo mundo, as algemas que nos impõem e as autoimpostas.

Bem, acabou meu tempo. Preciso me arrumar. Até o próximo banho de sol!

Deixe um comentário